Provavelmente ao olhares para o céu limpo ou para uma superfície branca já te deparaste com uma imagem semelhante a esta:
Estes corpos na tua visão são denominados moscas volantes (em inglês floaters), nome que provem do latim muscae volitantes.
No interior dos olhos, entre a pupila e a retina, existe o humor vítreo, uma substância gelatinosa que é constituída por 99% água e 1% colagénio (que lhe confere a viscosidade). É o humor vítreo que mantém a forma esférica do olho.
Constituição do olho |
O colagénio é uma proteína fibrosa que confere elasticidade aos nossos tecidos, e que está espalhada pelo humor vítreo
O colagénio pode-se associar a outros colagénios através de atração molecular e formar aglomerados.
A luz que entra nos nossos olhos é absorvida pela retina (membrana que transforma sinais luminosos em sinais nervosos para posterior interpretação do cérebro) e aglomerados de colagénio e/ou células que vagueiem pelo humor vítreo criam sombras que são as moscas volantes.
Quanto mais próximos da retina estão estes corpos, mais nítida são as suas sombras, o mesmo acontece quando as nossas pupilas contraem (por exemplo quando olhamos para uma superfície branca no nosso computador ou para o céu limpo porque a luz é mais brilhante).
Se focares os teus olhos na superfície brilhante abaixo, as tuas pupilas vão se provavelmente contrair (ficar mais pequenas, para deixar menos luz passar), o que torna o visionamento de moscas volantes mais fácil:
Se alguma vez reparaste nestas sombras provavelmente também já reparaste que quando paras de mover os olhos, as sombras não param imediatamente de se mover, parecendo deslizar. Isto deve-se a um fenómeno físico chamado inércia e às caraterísticas viscosas do interior do olho.
A lei da inércia (1ª lei de Newton) enuncia que um corpo continua em repouso ou em movimento retilíneo uniforme sempre que a resultante das forças que nele atuam seja nula.
Trocado por miúdos: se o meio em que estiveres de repente parar, o teu corpo fisicamente vai querer continuar esse movimento, ou se o meio ,inicialmente em repouso, começar a mover-se, o teu corpo vai querer fisicamente continuar em repouso.
Podemos verificar a inércia em muitas situações do nosso quotidiano:
- Quando o carro arranca repentinamente e sentimo-nos pressionados contra o banco do carro.
-Quando o autocarro para e somos "atirados" para a frente.
-Quando sacudimos o guarda-chuva ( ao abrirmos o guarda-chuva e fecharmos, fazemos com que as gotas ,inicialmente em repouso, permaneçam em repouso e acabem por cair por ação da gravidade)
Então, porque é que não vemos continuamente as moscas volantes, se os corpos existem continuamente nos nossos olhos?.
Se não vês nenhuma mosca volante é porque:
-A sombra não é nítida o suficiente e não consegues distingui-la.
-O teu cérebro parou de registar a sua existência. Se olhares por muito tempo para alguma coisa, a tua perceção sobre ela vai diminuindo. A isto chama-se adaptação sensitiva.
Apesar de meras sombras, devemos ter atenção a moscas volantes anormalmente grandes que dificultem a nossa visão pois podem ser sinal de uma condição médica séria que exige tratamento médico.
Mas não te preocupes a maioria é inofensiva e o único mal que te faz é serem irritantes.
Diogo
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